terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Post 2

Camila 

Dormia,sim ela dormia.O sol já estava prestes a aparecer e seus olhos negavam-se a fazê-la acordar.Esses olhos eram teimosos por um simples motivo: Um sonho perfeito.
Era um sonho que em seu pensamento poderia vir a tornar-se real.Todas as linhas,rabiscos,desenhos..Com um grande grau de ridicularidade,mas que  caminhavam em direção a perfeição.
Aquela chuva,aquele cheiro...Impossível não lembrar.
Infelizmente seus tímpanos reconheceram a voz que lhe chamava e que como não obtivera resposta,tendia a aumentar até que a resposta lhe fosse dada.
Enfim a voz aproximou-se e a sacudiu,até que os olhos teimosos se renderam e viram o rosto de sua mãe,enfurecida,gritava seu nome para que a ajudasse nas tarefas domésticas.
O corpo da garota estava de pé,mas sua mente estava no sonho.Nas rosas que possuíam espinhos e que não a feriam.E a chuva,claro,impossível não lembrar,as gotas que caíam pareciam sincronizadas,uma linda música.
Todo aquele encanto iria acabar minutos depois quando sua mãe já começara o dia com suas reclamações diárias e estúpidas.
Seu desejo de sair daquela casa era maior do que tudo,porém algo impedia sua saída.Não podia deixar seu irmão mais novo.
As tardes passavam lentamente desde a morte de seu pai,ele sim se importava com ela e merecia todo o seu amor,mas um dia quando trabalhava se distraiu ao ajudar uma senhora e acabou caindo nos trilhos e no final.Nada sobrou.
Na escola,não possuía amigos,era incomunicável,suas notas eram as melhores,poderíamos chama-la de "melhor aluna da sala".E o tempo que sobrava era usado para escrever sobre seus sonhos.E quando a aula acaba ela ia no local do acidente de seu pai,jogava uma flor,esperava o trem passar da mesma forma que fez com seu pai e depois levava a flor destruída para o túmulo de seu pai.
O sábado chegou e ela foi acordada pelo seu irmão  que pedia para ir jogar a flor logo de manhã,esse pedido nunca era negado.
A estação estava cheia,Camila perdeu facilmente seu irmão e quando o achou...Estava no mesmo local que seu pai.Só passava pela sua cabeça aquele lindo sonho,mas agora os espinhos a machucavam muito e a chuva era o seu próprio sangue.Rapidamente ela jogou sua bolsa no chão e correu na tentativa de tirá-lo antes que o trem chegasse.Tudo em vão,a garota apenas viu a luz do  trem e depois tudo escureceu.
Lágrimas,gritos,orações,palavras tentavam confortar a mãe de Camila que tinha perdido os dois filhos no mesmo dia e o marido a um ano.
Camila teve o mesmo fim de seu pai e o que sobrou dela?Apenas sonhos.

4 comentários:

  1. Texto com tantas impressões íntimas. Cada palavra passa claramente a angústia da personagem, a esperança rala que só existia em seus sonhos. Um conto que abre para interpretações variadas - não em relação ao final, que é reto, direto, como se fosse uma vingança programada do narrador - mas em relação ao que precedeu o sono da personagem. Isto que é instigante no texto.

    "... ela ia no local do acidente de seu pai, jogava uma flor, esperava o trem passar da mesma forma que fez com seu pai e depois levava a flor destruída para o túmulo de seu pai."

    AV, escreva mais.

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  2. Pocha Lara cria um blog alegre!!!

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  3. Pra mim o texto precisava de algo a mais, ficou meio curto, é como se precisasse de uma história maior. Mesmo assim ficou muito bom Lara, posta mais D:

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  4. Contos são textos curtos. E este, sem dúvida, é um conto pois possui boa parte das características desse gênero textual. Em geral, os contos deixam algo no ar, é mesmo um charme.

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